“Não tomar seu Santo Nome me vão.”
Ex 20,7: “Não pronuncie em vão o nome de Javé seu Deus, porque Javé não deixará sem castigo aquele que pronunciar o nome dele em vão”.
Sabendo da fraqueza humana, sobretudo quando já nos encontramos em situações de pecado, em Mt 5, 33-37, Jesus nos confirma o mandamento, mas também nos adverte contra a tentação de refugiarmos em Deus para nos acobertar de nossas culpas, quando O evocamos para ser testemunha mentirosa, ou “o advogado do diabo”.
Dando continuidade ao Sermão da Montanha, que inicia no capítulo 5 de Mateus, no capítulo seguinte, versículos de
Segundo o artigo 2143 do Catecismo da Igreja Católica, “Deus confia seu nome àqueles que crêem nele; revela-se-lhes em seu mistério pessoal. O dom do nome pertence à ordem da confiança e da intimidade. "O nome do Senhor é santo." Eis porque o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória num silêncio de adoração amorosa. Não fará uso dele a não ser para bendizê-lo, louvá-lo e glorificá-lo. Ex.: se o nosso nome indica confiança e intimidade, e nos aborrecemos quando alguém faz alguma brincadeira de mau gosto com ele, nos põe apelidos pejorativos, ou revela apelidos íntimos, imagine Deus em sua santidade absoluta? O exemplo perfeito de culto e louvor a Deus em Seu nome é o cântico de adoração Magnificat (Lc 1,46-56):
“A minha alma glorifica o Senhor
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva:
De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.”
O segundo mandamento proíbe o abuso do nome de Deus, isto é, todo uso
inconveniente do nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos. Ex.: “Eu juro por Deus!”, “Deus sabe o que estou falando!”, “Nossa Senhora!”, “Jesus, apaga a luz!”, “Ai, meu Deus!” etc. Assim como na oração do Pai-Nosso, também santificamos a Santíssima trindade no sinal da cruz e no Glória, e o nome de Maria e Jesus na Ave-Maria:
As promessas feitas a outrem em nome de Deus empenham a honra, a fidelidade,
a veracidade e a autoridade divinas. Devem, pois, em justiça, ser respeitadas. Ser-lhes infiel é abusar do nome de Deus e, de certo modo, fazer de Deus um mentiroso. Ex.: por isso não devemos quebrar nossos votos sacramentais, juramentos de colação de grau, ou diante de um tribunal, o que poderíamos classificar como blasfêmia.
A blasfêmia opõe-se diretamente ao segundo mandamento... A proibição da blasfêmia se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas. É também blasfemo recorrer ao nome de Deus para encobrir práticas criminosas, reduzir povos à servidão, torturar ou matar. O abuso do nome de Deus para cometer um crime provoca a rejeição da religião... E em si um pecado grave. Ex.: o caso do pastor que, ao chutar a imagem de Nossa Senhora, apesar de ter agredido uma imagem esculpida pelo homem, faltou com respeito a um símbolo religioso que nos conduz ao sagrado.
As pragas, que fazem intervir o nome de Deus, sem intenção de blasfêmia, são
uma falta de respeito para com o Senhor. O segundo mandamento proíbe também o uso mágico do nome divino. O nome de Deus é grande lá onde for pronunciado com o respeito devido à sua grandeza e à sua majestade. O nome de Deus é santo lá onde for proferido com veneração e com temor de ofendê-lo. Ex.: o uso do nome de Deus ou orações como Pai-Nosso e Ave-Maria para prática do espiritismo, evocação de espíritos, rituais de magia (“trabalhos”) etc.
I. O NOME DO SENHOR PRONUNCIADO EM VÃO
Seguindo S. Paulo, a Tradição da Igreja entendeu que as palavras de Jesus não se
opõem ao juramento quando é feito por uma causa grave e justa (por exemplo, perante um tribunal). "O juramento, isto é, a invocação do nome de Deus com testemunha da verdade, não se pode fazer, a não ser na verdade, no discernimento e na justiça."
A santidade do nome divino exige que não se recorra a ele para coisas fúteis e
não se preste juramento em circunstâncias suscetíveis de interpretá-lo como uma aprovação do poder que o exigisse injustamente. Quando o juramento é exigido
por autoridades civis ilegítimas, pode-se recusá-lo. Deve ser recusado quando é pedido para fins contrários à dignidade das pessoas ou à comunhão da Igreja.
II. O NOME CRISTÃO
O sacramento do Batismo é conferido "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). No Batismo, o nome do Senhor santifica o homem, e o cristão recebe seu próprio nome na Igreja. Este pode ser o de um santo, isto é, de um discípulo que viveu uma vida de fidelidade exemplar a seu Senhor. O "nome de Batismo" pode também exprimir um mistério cristão ou uma virtude cristã. "Cuidem os pais, os padrinhos e o pároco para que não se imponham nomes alheios ao senso cristão." Ex.: também o Papa recebe um novo nome assim que é nomeado.”
O cristão começa seu dia, suas orações e suas ações com o sinal-da-cruz, "em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém". O batizado dedica a jornada à glória de Deus e invoca a graça do Salvador, que lhe possibilita agir no Espírito como filho do Pai. O sinal-da-cruz nos fortifica nas tentações e nas dificuldades.
Deus chama a cada um por seu nome. O nome de todo homem é sagrado. O
nome é o ícone da pessoa. Exige respeito, em sinal da dignidade de quem o leva.
O nome recebido é um nome eterno. No Reino, o caráter misterioso e único de
cada pessoa marcada com o nome de Deus resplandecerá em plena luz. "Ao vencedor... darei uma pedrinha branca na qual está escrito um nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe" (Ap 2,17). "Tive esta visão: eis que o Cordeiro estava de pé sobre o Monte Sião com os cento e quarenta e quatro mil que traziam escrito sobre a fronte o nome dele e o nome de seu Pai" (Ap 14,1).
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