Grupo de Jovens Ágape

devoltaaoprimeiroamor@gmail.com, Uberlândia MG, Brazil
Para o Grupo de Jovens Ágape aprender a viver uma vida em comunidade à luz dos valores cristãos, constituindo a unidade e comunhão entre o grupo é o nosso maior propósito...afinal somos mais que participantes do mesmo grupo ou simplesmente amigos... o nosso valor principal é fazer parte de uma família...a família Ágape.

sábado, 22 de setembro de 2012

Fazer a vontade de Deus

     ...seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. Esse trecho da oração do Pai Nosso, que é tão rezada por todos nós, é muito negligenciado em nossas vidas. Rezamos que seja feita a vontade de Deus e logo depois rogamos a Deus pedindo por inúmeras coisas, não aceitamos e até reclamamos de tantas outras coisas que transcorrem e por vezes insistimos em caminhos que não dão certo, em escolhas erradas. Afinal, o que é fazer a vontade de Deus? A vontade de Deus para nós são os planos que Ele tem a respeito de nossas vidas. É fato que fomos criados livres, mas quem melhor do que nosso Criador para saber o que é melhor para nós? Aceitar fazer a vontade de Deus é reconhecer nossa pequenês, nossa impotência e ignorância. Deus sabe o que é melhor para mim, eu não sei! 
     Mas o que é a vontade de Deus? O que Ele quer de nós? Primordialmente a vontade de Deus para nós é cumprirmos a finalidade de nossa criação. Fomos criados para participar da vida bem-aventurada de Deus, para sermos um com Ele. Quando o homem peca, ele nega que precisa de Deus e rejeita Seus planos para ele. Cristo, então, salva a humanidade de sua condição e devolve-nos a oportunidade de participar da vida de Deus. Mas, como somos livres, escolhemos se queremos isso ou não. A primeira dimensão em fazer a vontade de Deus é fazer tudo aquilo que aprendemos de Deus, fazer tudo aquilo que Jesus nos deixou para não perdemos a salvação que Ele nos deu na cruz. Cumprir os mandamentos e o que ensina o evangelho é a forma de fazer a vontade de Deus. A Santa Igreja foi deixada por Cristo com a missão de guiar seu povo no seu caminho, orientando-os a luz de Sua palavra, de seu evangelho. Por isso, permanecer ligado a Igreja e fazer o que ela nos orienta é também fazer a vontade de Deus. Afinal, os novos tempos trazem problemas e questões que não estão abordados claramente nas escrituras, não foram ensinados diretamente por Cristo. Por isso, a Igreja à luz de Seus ensinamentos orienta os fieis sobre o que é a vontade de Deus em temas contemporâneos.
     A outra dimensão em fazer a vontade de Deus é de cunho particular. Vimos que nosso primeiro chamado é de fazer parde da vida de Deus, mas cada um é chamado a uma missão especial em nossas vidas terrenas. Para cada pessoa Deus tem planos, planos esses que nos auxiliam a cumprir nosso primeiro chamado e a auxiliar outras pessoas a também o fazerem. Nesse ponto torna-se mais complicado compreender e fazer a vontade de Deus, pois temos que discernir nossa vocação particular e isso nem sempre é fácil. Para tal, entretanto, devemos nos colocar em constante oração, pedir a Deus, mas deixar claro que queremos que a vontade Dele permaneça ao invés da nossa. Estar aberto a fazer a vontade de Deus é deixar de querer ter o controle total de nossas vidas, de nossas escolhas e deixar que elas sejam guiadas por Deus.

Por Mariana Prado

domingo, 27 de maio de 2012

Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola


Santo Inácio de Loyola viveu nos conflituosos tempos da Reforma que caminharam para sangrentas guerras das religiões no final do século XVI. Ele foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica. Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.
Ele desenvolveu os chamados Exercícios Espirituais que são qualquer modo de examinar a consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais.Trata-se, pois, de uma metodologia de desenvolvimento espiritual, proposta por Santo Inácio de Loyola.
Estes exercícios espirituais possuem três grandes metas:
- ser uma “escola de oração”, promovendo uma profunda união com Deus;
- desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida;
- ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.
Os EEs podem ser praticados na modalidade de um “RETIRO ESPIRITUAL”. Ou seja, afastando-se do seu local de vida e de atividades cotidianas, “retira-se” para um lugar mais propício à meditação ou ainda sem se afastar de seus afazeres diários você poderá fazer os exercícios no dia-a-dia de sua vida.
Planeje sua caminhada espiritual: inicie a prática dos exercícios espirituais, reservando trinta minutos diários à meditação. Se possível, faça o exercício no início do dia, antes de iniciar os seus afazeres, em ambiente silencioso que possibilite a concentração de todo o seu ser.
Passos para os Exercícios Espirituais
- Colocar-se na presença de Deus: Oração é diálogo! Por isso, é imprescindível para a oração firmar convicção de que efetivamente esse alguém está comigo, para me ouvir e me falar, para relacionar-se comigo como duas pessoas que convivem e partilham dons e bens.
- Pedir a Graça de Deus: Trata-se, neste momento, de apresentar a Deus o pedido da Graça que quero e desejo alcançar na oração.
- Meditar a Palavra de Deus: Feito o pedido, leia com atenção o texto bíblico proposto para o exercício do dia. O que Deus está me dizendo através desta palavra? O que isso pode significar para mim, na situação em que vivo atualmente? Demorar-se na meditação do texto bíblico, sem pressa, permitindo que a Palavra de Deus ecoe no íntimo de seu ser e existir.
- Fazer um Colóquio com Deus: fale a Deus o que você tem sentido. Numa relação de confiança e amizade autêntica, não tenha receio de manifestar a Deus os verdadeiros sentimentos e pensamentos que o presente Exercício Espiritual suscitou em você.
- Anotar: Concluído o Exercício, procure anotar em seu diário espiritual as percepções mais significativas da oração. O que mais me marcou interiormente? Que sentimentos, moções ou percepções a oração suscitou em mim?
Para ajudar o processo dos exercícios espirituais todos os dias você pode reservar um tempinho para refletir e responder a algumas perguntas, tais como:
Qual foi o momento hoje que me trouxe maior satisfação interior?Qual foi o momento hoje que me trouxe menor satisfação interior?
Quando foi que dei e recebi mais amor hoje? Quando foi que dei e recebi menos amor hoje?
Quando me senti mais cheio de vida hoje?Quando me senti mais feliz hoje?Quando me senti mais triste hoje?
Como você sintetizaria o propósito especial de sua vida?
Qual foi o seu maior aborrecimento hoje ou quando é que você se sentiu triste, desamparado ou com raiva?
Você deve imaginar-se aos 75 anos de idade e a beira da morte. O que lhe traz maior satisfação interior? O que lhe traz menor satisfação e que você gostaria de ter feito de forma diferente em sua vida?
Os exercícios espirituais exigem persistência e constância para assim se alcançar os benefícios da meditação, reflexão e autoconhecimento. Na medida do possível, procure um acompanhamento espiritual com um jesuíta ou alguém que já tenha feito os Exercícios Espirituais completos. Neste acompanhamento você poderá partilhar sua experiência espiritual, procurar discernir o caminho percorrido e a direção dos próximos passos.
Fonte: Adaptado de www.domtotal.com e do livro: Como questionar a vida com sabedoria? De Mathew Linn, Sheila Fabricant Linn e Dennis Linn.
Por Virginia Castro
Grupo de Jovens Ágape
De volta ao primeiro amor

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O aborto como "ajuda humanitária"


Na postagem anterior eu mostrei como os defensores do aborto utilizam da idéia de um "direito ao corpo" como um argumento para a defesa da liberalização do aborto. O que eles não veem, ou não querem ver, é que não só o aborto é condenável, mas a sua liberalização também, pois os direitos às liberdades individuais não devem nunca se sobrepôr aos direitos dos outros (ou seja, dos nascituros) à vida. Esse é um dos princípios básicos da democracia ocidental. Mas outro argumento que utilizam é a da ajuda humanitária a mães e famílias necessitadas. Quero falar hoje sobre essa falácia que impregna tanto nossa mente em nossos tempos.

É claro que pessoas carentes, materialmente, necessitam ser ajudadas. Um dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja é o princípio da subsidiariedade, que consiste em promover uma base de apoio de desenvolvimento autônomo para pessoas que carecem de meios para iniciar por si próprias esse desenvolvimento. Ou seja, a subsidiariedade não é simples doação de bens, mas efetivação de condições materiais e espirituais para que pessoas e famílias pobres possam se desenvolver por si mesmas. Incluem programas de todos os tipos: educacionais, de saúde, de inserção social, etc.

No entanto, a defesa do aborto como ajuda humanitária peca não somente pelo ato em si, mas também por esconder o que podemos chamar de "preguiça social". Todos conhecemos o ditado: é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe todos os dias. Pois, essa preguiça social diz que é melhor acabar com a família do pescador para que não tenhamos que alimentá-lo tanto!... O ideal na busca pela solução da questão social não é tirar a vida daqueles que, presumivelmente, deixam-na mais difícil, embora contribuam para a beleza da vida, mas encarar o problema com coragem e atacar suas raízes.

No entanto, muitos preferem fazer uma escolha: ou alimentar a beleza da vida com a beleza única de cada ser humano ou tentar solucionar os problemas sociais. Não conseguem admitir que têm de escolher os dois! Não abrir mão de nenhum ser humano e não abrir mão da solução dos problemas. Dizem que é impossível, e isso ou é preguiça ou é uma falta enorme de esperança no ser humano que denuncia seu humanismo como verdadeiro anti-humanismo.

Está em voga hoje o Neomalthusianismo, idéia social que defende a esterilização coletiva das pessoas pobres como remédio para a pobreza. Eu sei que é mais complexo do que isso, mas o princípio é esse mesmo. No entanto, essa idéia, nascida no seio dos países ricos como justificativa para as disparidades econômicas no mundo, é uma tentativa de lavar as mãos daqueles que se sentem constrangidos por suas consciências a sair de sua zona de conforto e luxo para ajudar aqueles que não tem condições atuais de se promoverem. No entanto, vem a pergunta: o problema é a pobreza ou são os pobres? Para os neomalthusianos, são os pobres.

Está mais do que provado que a questão social não vai ser resolvida com a morte generalizada dos nascituros e com esterilização das pessoas, num cenário que mais lembra distopias em que o ser humano considera seus próprios filhos como problemas, e não como riqueza. Os problemas sociais vão ser resolvidos com trabalho. Não existe outro caminho para a melhoria das condições de vida de cada um e de todos. Os dois únicos princípios são: auto-iniciativa e subsidiariedade. Mas muitos pensam que é deveras difícil, e preferem destruir vidas do que plantá-las para um futuro melhor.


Ney César.

domingo, 29 de abril de 2012

O direito ao corpo como direito à liberdade e ao aborto


Dias atrás o STF decidiu sobre a descriminalização do aborto em casos de crianças anencefálicas e aprovou a prática. Isso traz de novo a discussão sobre a interrupção forçada da gravidez. Muitos se posicionam contra, muitos a favor. Estes que se postam a favor geralmente têm um de dois argumentos, dependendo de sua postura ideológica. O primeiro argumento refere-se a uma ajuda humanitária às mães e famílias pobres. O segundo refere-se ao assim chamado "direito ao corpo". Hoje quero comentar sobre este último. Amanhã tratarei do primeiro.

Este pressuposto direito ao corpo está na base de uma ampla gama de movimentos reivindicatórios atuais. Mas é um suposto direito que não é reconhecido por nenhum ordenamento jurídico positivo no mundo de hoje, nem é sequer cogitado por qualquer jurista conceituado de direito internacional (fonte atual precípua dos direitos humanos). Em verdade, esta idéia está intimamente relacionada com o já reconhecido direito à liberdade individual. No entanto, este último deve ser colocado em suas verdadeiras bases históricas de garantia contra ingerências estatais e opressões políticas no desenvolvimento integral do ser humano, e não numa visão esquizofrênica deste, que é a visão dos que defendem o "direito ao corpo".

Com efeito, a idéia deste direito luta por erguer um muro em redor de si, separando-o de toda a integralidade da pessoa humana, construindo um mundo particular em que a autonomia individual não tem limites. Tal visão atenta contra a verdade da natureza das coisas, em particular da natureza do homem. Nós, apesar de termos sim uma individualidade autônoma indiscutível, esta nunca será absoluta. Não somos seres que prescindimos de uma solidariedade social, espiritual e mesmo física, compartilhada inequivocadamente. Não estou falando de nenhum mandamento, mas de uma condição inegável e inescapável.

Ora, o direito à liberdade nasceu historicamente como direito de autonomia frente aos poderes opressores do estado na vida pessoal. Ou seja, ele está intimamente ligado à noção de democracia. O princípio fundamental desta é a extensão do meu direito limitado ao direito do outro. Ou seja, meus direitos acabam quando começam os do meu próximo. Assim, todos temos direito à liberdade, isso é um princípio universal, mas não absoluto. Pois minha liberdade de agir não pode ferir, de maneira alguma, a liberdade de ser dos outros. Em resumo: meu "direito ao corpo", se é que ele existe como extensão do direito à liberdade, não pode passar por cima do direito inegável do outro à vida e ao desenvolvimento livre.

Como eu disse, defender um suposto direito irrestrito ao corpo é um tipo de esquizofrenia social em que não vemos, ou não queremos ver, a verdade de que nossos atos afetam de maneira inelutável a vida dos outros. É claro que em muitas situações isso não pode nos impedir de realizarmos o que queremos, mas deve-se pesar perdas e ganhos em toda ação. Se o "direito ao corpo" assume um caráter de "direito de destruição", ou seja, um direito à irresponsabilidade frente à vida do outro, ele perde a razão de ser. O outro (seja ele, neste caso, o nascituro) não pode ser lesado no seu direito à vida. Defender isso é um desvario dos defensores do aborto, e que muitos de nós aceitamos como a mais absoluta inconsciência ou malícia.


Ney César

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O verdadeiro caminho da felicidade

Papa Bento XVI
Encíclica « Deus caritas est », 5-6 (trad. © Liberia Editrice Vaticana)
«Quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de Mim e do Evangelho, há-de salvá-la.» 


O modo de exaltar o corpo a que assistimos hoje é enganador. [...] Na realidade, para o homem, isto não constitui propriamente uma grande afirmação do seu corpo. Pelo contrário, agora considera o corpo e a sexualidade como a parte meramente material de si mesmo, a usar e explorar com proveito. [...] A fé cristã sempre considerou o homem como um ser unidual, em que espírito e matéria se compenetram mutuamente, experimentando ambos, precisamente desta forma, uma nova nobreza. Sim, o eros quer-nos elevar «em êxtase» para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, de renúncias, de purificações e de saneamentos.



Concretamente como se deve configurar este caminho de ascese e purificação? Como deve ser vivido o amor, para que se realize plenamente a sua promessa humana e divina? [...] A «agapê» tornou-se o termo característico para a concepção bíblica do amor. [...] Este vocábulo exprime a experiência do amor que se torna verdadeiramente descoberta do outro. [...] Agora, o amor torna-se cuidado do outro e pelo outro. Já não se busca a si próprio, não busca a imersão no inebriamento da felicidade; procura, ao invés, o bem do amado: torna-se renúncia, está disposto ao sacrifício, mais ainda, procura-o. [...]



Sim, o amor é «êxtase»; êxtase, não no sentido de um instante de inebriamento, mas como caminho, como êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si [...], para o reencontro de si mesmo, mais ainda, para a descoberta de Deus: «Quem procurar salvaguardar a vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á» (Lc 17, 33). [...] Assim descreve Jesus o Seu caminho pessoal, que O conduz, através da cruz, à ressurreição: o caminho do grão de trigo que cai na terra e morre e assim dá muito fruto. Mas, partindo do centro do Seu sacrifício pessoal e do amor que aí alcança a sua plenitude, descreve também a essência do amor e da existência humana em geral.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Refletindo a oração de São Francisco


A oração de São Francisco é uma das mais belas e deveria ser rezada cotidianamente por todos cristão, pois ela trata sobre nossa missão, fazer a vontade do Pai. Logo no início ela já mostra a sua essência: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”. Esse deve ser o anseio do coração de cada um de nós, que nós possamos ser canal da paz de Deus no mundo. Mas isso não significa uma mera defesa da paz com discursos, campanhas, etc. É algo mais profundo, pois significa viver a paz antes de mais nada. 


A oração continua e nos mostra como é que somos instrumentos da paz: “Onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união”. Esses três anseios estão intimamente ligados e só podem ser vividos, também, à partir do intimo do nosso ser. Não há como fazer outra pessoa amar, perdoar e viver em união se ela não quiser, por isso não podemos levar esses valores ao mundo de forma externa, tentando fazer o outro praticá-lo. Só levamos o amor onde há ódio quando amamos quem nos odeia, quem não gosta de nós e quer nosso mal. Só levamos o perdão onde há ofensa quando perdoamos quem nos ofende. E somente quando amamos e perdoamos que podemos eliminar toda e qualquer discórdia que nos impeça de viver em união. 

"Onde houver dúvida, que eu leve a fé, onde houver erro que eu leve a verdade”. A dúvida muitas vezes nos angustia, causa medo, pode nos tirar a paz e nos levar ao erro. A fé é a certeza do que não vemos, é acreditar que Deus está acima de tudo e é o centro de nossa existência. Somente a fé nos faz caminhar quando tudo parece estar ruindo a nossa volta. Mas a fé não pode ser cega, deve estar guiada pela verdade. Cristo é a verdade e devemos ter fé e seguir aquilo que ele nos deixou. Por isso essa parte da oração nos mostra que seguir a Deus é também levar a verdade ao mundo, não só vivê-la intimamente, mas levar ao mundo a verdade que é Cristo, não deixar as pessoas viverem no erro. 


“Onde houver desespero que eu leve e esperança, onde houver tristeza que eu leve e alegria”. A esperança e a alegria devem ser características de todo Cristão. Se depositamos nossa esperança no Senhor não há porque cair em desespero e essa nossa esperança será sentida pelos que nos cercam e será levadas a eles. Sabendo que Cristo conseguiu para nós a salvação, que Deus nos ama tanto que entregou seu Filho para nos salvar, como podemos ser tristes? Essa alegria que vem de Deus deve expulsar de nós toda tristeza e devemos levá-las aos outros também. 

Depois de viver tudo isso, estaremos vivendo “onde houver trevas que eu leve a luz”. A luz de Deus a iluminar as trevas do mundo será nós mesmos, instrumentos da paz de Deus. 

Por fim a oração termina mostrando o caminho da felicidade que está na doação, no desprendimento de si, deixando o egoísmo de lado e se pondo a serviço dos outros: Ó Mestre, fazei com que eu procure mais, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido amar que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna”. 


Mariana Prado Borges

A inveja: uma blasfémia contra o Espírito Santo


«É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios» [...]. O que é próprio das pessoas maldizentes e animadas pela inveja é fechar, tanto quanto possível, os olhos aos méritos de outrem; e quando, vencidos pelas evidências, já não o conseguem fazer, depreciá-los e desvirtuá-los. Assim, quando a multidão exulta de devoção e se maravilha com as obras de Cristo, os escribas e os fariseus, ou fecham os olhos ao que sabem ser verdade, ou rebaixam o que é grande, ou desvirtuam o que é bom. Uma vez, por exemplo, fingindo-se ignorantes, disseram Àquele que tinha feito tantos sinais maravilhosos: «Que sinal realizas Tu, pois, para nós vermos e crermos em ti?» (Jo 6,30). Aqui, não podendo negar os factos com cinismo, depreciam-nos maldosamente [...] e desvalorizam-nos dizendo: «Ele tem Belzebu! [...] É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios». Eis, queridos irmãos, a blasfémia contra o Espírito, que prende aqueles que envolveu nas cadeias dum pecado eterno. Não é que seja de todo impossível ao penitente receber o perdão de tudo, se produzir «frutos de sincero arrependimento» (Lc 3,8). Só que, esmagado por um tal peso de malícia, ele não tem força para aspirar a essa honrosa penitência merecedora de perdão. [...] Aquele que, vendo à evidência no seu irmão a graça e a obra do Espírito Santo [...], não teme desvirtuar e caluniar, e atribuir insolentemente aos maus espíritos o que sabe pertinentemente ser do Espírito Santo, esse está de tal modo abandonado por esse Espírito de graça, que já não quer a penitência que lhe traria o perdão. Está completamente obscurecido, cego pela sua própria malícia. Com efeito, que poderá haver de mais grave do que ousar, por inveja para com um irmão a quem tínhamos recebido ordem de amar como a nós próprios (cf. Mt 19,19), blasfemar contra a bondade de Deus [...] e insultar a Sua majestade, querendo desacreditar um homem? 

 Isaac da Estrela, monge cisterciense Sermão 39, 2-6