"A proximidade da Páscoa me trouxe à mente história ouvida há muitos anos. Construía-se alhures, na Baixa Idade Média, uma grande catedral. A obra já elevava suas torres e lançara seus arcobotantes. Verdadeira multidão de operários se ocupava das cuidadosas tarefas de acabamento. Um pavilhão fora especialmente construído, próximo dali, para outro importante trabalho, que exigia quietude e concentração especiais. Era o atelier dos escultores das imagens que iriam apontar as devoções a que o templo estava destinado.
Um transeunte resolveu penetrar na intimidade daquele recinto. Tendo identificado o mestre escultor, aproximou-se e contemplou o que fazia. Era a estátua de uma figura humana de porte soberbo, entalhada em fino mármore. Quedou-se ali, silencioso, acompanhando a meticulosa tarefa cujos detalhes – o rigor do artista bem o indicava – ainda ocupariam longas semanas. Lá pelas tantas, atreveu-se a indagar: “Essa é a imagem que irá para o altar-mor?” O escultor voltou-se para ele como quem emergisse de profunda concentração e contestou: “Não, este é um dos doze apóstolos que serão colocados ao longo do alinhamento mais elevado da cobertura”.
O visitante não pode conter seu espanto e voltou a interpelar: “Nesse caso, as imagens ficarão a grande altura do solo e jamais poderão ser apreciados os detalhes nos quais o senhor tanto se detém e que longo tempo ainda lhe irão tomar”. A resposta do escultor veio rápida, encerrando em duas palavras a sabedoria de uma parábola: “Ele verá!”
Ouvi essa história há muitos anos, mas a curta resposta do escultor ainda ecoa em minha mente: “Ele verá”. Tanta contradição entre ela e os critérios do mundo! Quantas vezes dedicamos nosso esforço e zelo buscando a perfeição nas coisas dos homens (e é bom que assim façamos) sem que nada semelhante, em zelo e esforço, reservemos para as coisas de Deus? Bem ao contrário, para Ele costumamos deixar migalhas das sobras do tempo e os restos da nossa vitalidade.
Entre as muitas esculturas que surgem como obras de nossas próprias mãos encontramo-nos nós mesmos. E aqui, quase sempre, a busca da perfeição é deixada de lado: “Somos como somos” costumamos dizer, desleixados e desatentos em perceber que a santidade é a catedral que mais agrada a Deus, a obra que se eleva acima dos telhados mundanos, e cujo campanário repica a glória do Senhor que tudo vê."
Um transeunte resolveu penetrar na intimidade daquele recinto. Tendo identificado o mestre escultor, aproximou-se e contemplou o que fazia. Era a estátua de uma figura humana de porte soberbo, entalhada em fino mármore. Quedou-se ali, silencioso, acompanhando a meticulosa tarefa cujos detalhes – o rigor do artista bem o indicava – ainda ocupariam longas semanas. Lá pelas tantas, atreveu-se a indagar: “Essa é a imagem que irá para o altar-mor?” O escultor voltou-se para ele como quem emergisse de profunda concentração e contestou: “Não, este é um dos doze apóstolos que serão colocados ao longo do alinhamento mais elevado da cobertura”.
O visitante não pode conter seu espanto e voltou a interpelar: “Nesse caso, as imagens ficarão a grande altura do solo e jamais poderão ser apreciados os detalhes nos quais o senhor tanto se detém e que longo tempo ainda lhe irão tomar”. A resposta do escultor veio rápida, encerrando em duas palavras a sabedoria de uma parábola: “Ele verá!”
Ouvi essa história há muitos anos, mas a curta resposta do escultor ainda ecoa em minha mente: “Ele verá”. Tanta contradição entre ela e os critérios do mundo! Quantas vezes dedicamos nosso esforço e zelo buscando a perfeição nas coisas dos homens (e é bom que assim façamos) sem que nada semelhante, em zelo e esforço, reservemos para as coisas de Deus? Bem ao contrário, para Ele costumamos deixar migalhas das sobras do tempo e os restos da nossa vitalidade.
Entre as muitas esculturas que surgem como obras de nossas próprias mãos encontramo-nos nós mesmos. E aqui, quase sempre, a busca da perfeição é deixada de lado: “Somos como somos” costumamos dizer, desleixados e desatentos em perceber que a santidade é a catedral que mais agrada a Deus, a obra que se eleva acima dos telhados mundanos, e cujo campanário repica a glória do Senhor que tudo vê."
O autor deste texto, Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site http://www.puggina.org/, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.
Por Ney César
Grupo Ágape
De volta ao primeiro amor.
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