Nesse domingo a liturgia da missa nos mostra que Deus sempre sacia seu povo. Mas como compreender essa bela verdade? Na primeira leitura (Is 55, 1-3), o profeta Isaias diz que Deus chama a si aqueles que têm fome e sede que Ele os saciará. O salmo responsorial (Salmo 144) continua mostrando que Deus tem compaixão e amor por seu povo e que sacia suas criaturas, que está sempre perto de quem o invoca.
Até o momento, é claro que Deus nos sacia, mas será que se trata de uma simples saciedade fisiológica, da fome, sede e bens materiais? Não! A saciedade que Deus nos faz viver é a de seu amor. Na segunda leitura (Rm 8, 35.37-39), São Paulo deixa isso claro. Ele diz que o amor de Deus por nós é tamanho e tem tanto poder que nada pode nos afastar dele, ou seja, nada no mundo pode impedir que Deus nos ame e que nós possamos receber esse amor e todas as graças oriundas d’Ele.
São Paulo diz mais ainda. É por causa desse amor de Deus que vencemos todas as coisas: A tribulação, a angustia, a perseguição, a nudez , a fome, o perigo, a espada, etc. Quando São Paulo cita que é pelo amor de Deus que vencemos essas adversidades, percebemos que se trata de necessidades humanas. Vemos a necessidade de alimento, vestimenta, segurança, paz, confiança, realização pessoal, enfim diversas necessidades que fazem parte da vida. O amor de Deus por nós é capaz de saciar nossas necessidades quando nós permitimos que esse amor gere frutos em nós.
Deus pode, por si, realizar tudo e várias vezes Ele o fez e o faz. Porém, por causa do nosso pecado nós criamos uma barreira para a ação de Deus, não por nosso pecado ser maior que o poder de Deus, mas porque Deus respeita nossa liberdade. Se queremos ficar longe desse amor e de suas graças, Deus respeita nossa liberdade. O egoísmo e a auto-suficiência humana fazem com que não experimentemos as graças.
No Evangelho, Jesus pede aos discípulos para eles darem de comer àquele povo. Mas, Jesus não quer que eles façam isso sozinhos, Ele quer que eles ofertem o que eles possuem (5 pães e 2 peixes) para que Ele faça o milagre. Com isso Jesus nos mostra que as graças só ocorrem se colocamos nossos dons a serviço de Deus e do próximo e se entregamos isso a Deus, para que Ele faça o milagre, e não nós.
Sozinhos nós não podemos realizar nada, mas se reconhecemos que precisamos de Deus e deixamos o egoísmo de lado, o amor de Deus pode se manifestar e saciar todas as nossas necessidades e as necessidades de nossos irmãos. Nisso constitui a caridade. Quando permitimos o amor de Deus agir em nós, temos compaixão pelo próximo, saímos de nosso egoísmo para nos colocamos a serviço, fazendo com que esse amor seja manifesto pelos seus frutos.
Com isso vemos que não há caridade sem Deus, pois é porque Deus nos ama primeiro e porque nós permitimos Ele agir em nós que podemos empreender grandes bens pelo próximo, não por nossos esforços, mas pela graça de Deus.
Mariana Prado Borges
Nota: Essa interpretação é uma interpretação de vivência, não teológico-exegética. Não se trata de uma interpretação autêntica, mas sim paralela, simbólica, que nos ensina a viver melhor em comunidade.