Grupo de Jovens Ágape

devoltaaoprimeiroamor@gmail.com, Uberlândia MG, Brazil
Para o Grupo de Jovens Ágape aprender a viver uma vida em comunidade à luz dos valores cristãos, constituindo a unidade e comunhão entre o grupo é o nosso maior propósito...afinal somos mais que participantes do mesmo grupo ou simplesmente amigos... o nosso valor principal é fazer parte de uma família...a família Ágape.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tempo, tempo, tempo

Quanto tempo eu vou gastar para ler este post? Quanto tempo me dedico ao meu cônjuge, aos meus pais, aos meus amigos, aos meus clientes, afilhados, sobrinhos e primos?

O tempo com a definição que conhecemos atualmente era definido na antiguidade por duas palavras distintas: Khronos e Kairós.

Kronos é o tempo cronológico ou seqüencial. Possui natureza quantitativa e pode ser considerado como o tempo dos homens. É medido em horas e prioriza horários, atrasos, prazos, duração de eventos. É o tempo controlado pelo relógio de pulso.

Kairós é o tempo existencial. Possui forma qualitativa e pode ser considerado como o tempo de Deus. Não pode ser medido e sim vivido. Aqui listamos os momentos marcantes, duradouros e inesquecíveis. É o encontro pessoal com Deus. É o tempo controlado pelo relógio do coração.

Com esta definição pode-se observar que o tempo possui duas dimensões: a dos homens e a de Deus, as quais são distintas. Assim vemos em 2 Pedro 3: 8 a passagem que nos fala que um dia é como mil anos e mil anos são como um dia só. Isto mostra que a dimensão de tempo humano é diferente da dimensão divina.

A passagem de Eclesiastes 3 nos mostra que há um tempo para tudo debaixo dos céus e que este tempo não é dentro dos nossos padrões humanos que mede o passar das situações em dias, horas, calendários. O tempo de Deus é Kairós é diferente da nossa visão mundana. Tudo acontece dentro do tempo previsto por Deus...as situações que te buscam ocorrem no momento exato previsto por Deus.

Às vezes nos angustiamos e reclamamos que nada em nossa vida acontece, mas tudo está indo da forma como Deus projetou...nós que somos limitados e não conseguimos entender e ter a paciência necessária para sofrer as demoras de Cristo.

E o que estamos fazendo com o nosso tempo? Trabalhando, acumulando bens materiais e tendo menos tempo para conversar, sair com os amigos, ver os filhos crescerem. Como está a nossa qualidade de vida? Estamos dando mais valor às coisas ou às pessoas?

Deixamos muitas vezes o tempo passar e acreditamos que só seremos felizes nos grandes acontecimentos como passar no vestibular, casar ou quando nossos filhos nascerem. Entretanto, a vida é breve, a vida é passageira e a única coisa que fica são marcas de amor...portanto, reflita em como você está utilizando o seu tempo...você tem feito ações proveitosas para o bem comum ou tem olhado só para o “seu tempo” e o “seu bem-estar”?

Há amigos que passaram muito rápido, há amores não realizados, há tristezas que nos paralisaram por meses, há eventos que vamos lembrar para sempre. Quantas coisas eram tão importantes na sua vida há anos atrás e hoje não fazem a menor diferença. Quantas dúvidas você tinha que hoje são totalmente banais.

Assim o curso da vida segue naturalmente dentro dos preceitos de Deus e nós limitados, humanos e audaciosos vamos tentando desvendar o mistério do tempo. Muitas vezes através de tropeços, mas caminhando em busca do Kairós do tempo vivido, sentido e compartilhado com os irmãos.

Conduzido por Virginia Castro

Grupo de Jovens Ágape

De volta ao primeiro amor

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Amigos são poemas e flores

Amigos são flores...

São flores plantadas ao longo do nosso caminho para que saibamos encontrar primavera o ano todo. Quando o outono chega, cheio de beleza e melancolia, os amigos estão presentes nos trazendo alegria. E, quando o inverno vem frio e escuro, trazendo saudades e noites longas, os amigos nos trazem calor e luz com o brilho da sua presença. Essas flores belas perfumam nossa existência e nos fazem ver que não estamos sozinhos.Se amigos são flores que duram um ano ou um dia não faz diferença, porque o importante são as marcas que deixam nas nossas vidas. São as horas compartilhadas, horas de carinho, horas de amor e cuidado.

Um amigo que se doa sem esperar um retorno, que se entrega pelo prazer de ver a felicidade do outro, é uma flor que merece cuidados especiais; um ser grande e importante que nos emociona só pelo fato de existir. É alguém que consegue chegar até nossa alma... É um presente de Deus. Se todo o mundo nos virar as costas e, no meio desse mundo, uma flor, nem que seja uma única flor de amizade nascer em nosso jardim, então toda a vida já terá valido a pena.

Amigos são poemas...

Os verdadeiros amigos são a poesia da vida. Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos, e nos seguram a mão quando caminhar parece difícil. Eles nos mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar, e nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar nas noites solitárias e vazias.

Um amigo é alguém que nunca nos deixa só, mesmo quando não pode estar presente, pois sabemos que um pedacinho do seu coração está conosco. Um amigo é alguém que pensa na gente mesmo estando separado por mil mares... É alguém por quem a gente sabe que vale a pena viver... Um amigo nem sempre diz sim, quando dizemos sim, e não, quando dizemos não. Mas ele vai nos fazer entender com mais clareza aquilo que não conseguimos entender sozinhos. Um amigo é um bem precioso que não devemos deixar guardado numa caixinha de jóias, para usá-lo quando precisamos, mas tê-lo sempre presente junto a nós, mostrando ao mundo que riqueza mesmo é ter um verdadeiro amigo.

Amigos são flores... Amigos são poemas... Como flores, devem ser cultivadas com carinho e dedicação, para que as tempestades da vida não esfacelem suas pétalas e para que possamos ter seu perfume em todas as estações. Como poemas, devem ser sentidos nas fibras mais sutis da alma, com respeito e gratidão, para que sejam a melodia risonha a embalar nossas horas em todos os períodos do ano.

Neste clima de amizade comemoramos os 3 anos do Grupo Ágape...agora teremos um período de férias em janeiro, mas em fevereiro de 2011 retornaremos com força total para mais um ano de caminhada em Cristo Jesus...

"Preciso da sua amizade, da sinceridade e do seu carinho...você pode não parecer com o meu jeito de ser...mas você é muito especial!"

Virginia Castro

Grupo de Jovens Ágape

De volta ao primeiro amor

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O homem pleno - o humanismo cristão

Existe, mesmo entre nós, cristãos, a idéia generalizada (e que pode ter sido aduzida deliberadamente ou por ignorância) de que a Igreja, em particular, e o Cristianismo apresentam uma história religiosa e doutrinária em que se realizou, por séculos, a idéia de contraposição entre o mundo espiritual e o mundo físico, entre fé e razão, entre a história e a eternidade, enfim, entre o divino e o humano. Grassa a impressão de que por muito tempo a subordinação do homem a Deus, e também da natureza e da vida à eternidade, significou a aniquilação do homem e da vida. No entanto, essa é uma idéia que de maneira alguma condiz com os princípios mais básicos e profundos do Cristianismo e do Catolicismo.

A religião cristã sempre, desde sua fundação por Nosso Senhor, teve como um de seus alicerces o princípio profundamente vivo e atuante, mesmo que de maneira esconsa e silenciosa na maior parte do tempo de toda a sua história, o princípio da dignidade excelsa, intocável, insubstituível e não venal do homem. O ser humano, em sua vida autônoma (embora não absoluta), nunca foi, na construção religiosa que se operou desde Cristo até os dias de hoje, encarado ou apreendido como um mero símbolo na cadeia dos princípios e das verdades religiosas e universais, ou apenas como instrumento de positivação da vontade divina (embora algumas vertentes do Cristianismo assim o sintam), ou apenas como ser criado no intuito extrínseco de viver apenas e exclusivamente para uma finalidade exterior. Embora esteja fundado justamente num aparente paradoxo que consiste em dizer que o valor maior do ser humano está além dele mesmo, o Cristianismo sente, justamente nesse chamado futuro e progressivo de um aperfeiçoamento constante das vocações intrínsecas do homem e da natureza, o valor pleno e supino do ser humano. O homem, pensa e sente o Cristianismo, o homem tem seu valor supremo no ideal de superar-se e desenvolver-se constantemente e de maneira plena, ou seja, em todas as suas facetas e naturezas.

O Cristianismo não é e nunca foi uma religião de verdades cristalizadas e acabadas. A Igreja aceita o princípio do desenvolvimento da verdade, que é o que sempre aconteceu na sua história. O Humanismo Cristão, iniciado pelo próprio Senhor, aos poucos foi acordando os cristãos e os homens para a verdade da dignidade grandiosa e bela do ser humano, que foi assumido irrevogavelmente pelo próprio Deus não apenas como criatura, mas como filho. Somos filhos de Deus no Amor que Ele nos oferece, no Espírito Santo de comunhão, que sempre e em todos os estágios de nossa vida e nossa história nos chama a sair de nós mesmos para amarmos cada vez mais perfeitamente o outro. Esse Amor não é apenas um sentimento pessoal ou mesmo um desejo de pautar nossa vida individual no bem, mas também um princípio comunitário e social de construção da vida conforme os valores humanos e evangélicos. Cristo nos mostrou, e seus santos nos ajudam cada vez mais a vermos essa verdade por Ele revelada, que o homem não foi criado senão para os mais excelsos e sublimes destinos, sendo o maior de todos eles a participação da vida beatífica de Deus. Mas essa vida não destrói nem nega a vida terrestre e temporal, mas, ao contrário, busca plenificá-la e levá-la à perfeição justamente pela graça que nos procura, nos busca e nos eleva à altura, à profundidade, à largura de Deus. O ser humano não nasceu para si mesmo, mas n’Ele encontra a força e a capacidade de construir-se plenamente ser humano.

Ney César

Grupo de Jovens Ágape

De volta ao primeiro amor


sábado, 18 de setembro de 2010

Pequenino grande homem - São Francisco de Assis

A vida de Francisco, desde o início e cada vez mais depois, com o decorrer do estudo histórico, religioso e teológico, adquiriu significados que ultrapassaram e muito o sentido literal das peripécias do poverello. Desde o começo já se pode perceber uma tensão, em sua vida, entre a humildade e a glória, a simplicidade e a complexidade, a literalidade e a profundidade. Quando o jovem Francisco quis ganhar a glória, Deus o quis humilde e pobre. Já quando ele quis reformar apenas a pequena Igreja de São Damião, Deus o quis reformando toda a Igreja Católica. Nesses dois exemplos emblemáticos, vemos que há um movimento duplo, um humano e um divino. O movimento humano, de Francisco, é um movimento pequeno e limitado. Seus sonhos, mesmo quando grandes e generosos, não chegam aos pés dos sonhos que Deus tinha para o pequenino santo, e, extensivamente, que Ele tem para todos os seus filhos. Mas os dois movimentos não são contraditórios. Francisco, na sua insistência em viver a Palavra e a vontade de Deus ao pé da letra, indicava que o papel humano é de ser simples e humilde diante de Deus, completamente aberto à sua ação. Deus é quem age na vida humana, Ele quem faz sua grandiosa e gloriosa obra.

Mas as mudanças que ocorriam já afetava a Igreja. A riqueza econômica aumentava, e a própria Igreja enriquecia muito na época. Havia então dois problemas que ela precisava resolver: por um lado, a antiga religiosidade centrada nos mosteiros rurais e nas orações dos monges já não respondia à exigência dos fiéis que passavam a viver nas cidades; por outro lado, a riqueza que a Igreja granjeava, ao invés de abrir-lhe novas possibilidades de ação humana, de evangelização e missão, estava dando-lhe, sim, um peso extra, pois ela agora se inchava com suas posses, tornava-se responsável pela administração de bens mundanos que atrapalhavam sua missão espiritual.

Francisco veio justamente responder a essas questões. Em primeiro lugar, na sua proposta radical de uma pobreza absoluta ele revigorou a Igreja com a visão de que seu papel no mundo não é gerir os bens do mundo, mas os bens espirituais do Céu. Como escrevi acima, o significado humano de sua vida vai além do que ele mesmo pretendeu. A Igreja percebeu, desde o início, com a reformulação da regra da Ordem dos Frades Menores (esse é o nome oficial da ordem), que a pobreza franciscana não devia ser tão material quanto de ordem espiritual. A riqueza que Deus dá aos homens, as posses e os poderes do mundo, não devem ser desprezados nem relegados, mas administrados na absoluta entrega da Igreja à missão que Deus lhe confia: evangelizar e transformar o mundo de acordo com os valores humanos e evangélicos. A Igreja deve sim ser pobre, mas no sentido de ser despojada de toda ambição para si mesma. Ela não pode desprezar as possibilidades de ação que o próprio Senhor dá a ela. A riqueza deve ser vista não como um fim, mas com um meio, um instrumento de ação no mundo.

Seu Cântico das Criaturas, nesse sentido, é uma novidade na Igreja, abrindo uma nova visão de humanidade e mundo. Somos todos criaturas de Deus, e a criação inteira é de um frescor, uma beleza e uma bondade que ela recebe todos os dias das mãos benignas e providentes de nosso Deus. Não foi à toa que Francisco foi escolhido, no final do século passado, como o homem mais extraordinário do II milênio. Foi ele que iniciou o movimento do Humanismo, que hoje temos que defender dessa onda de relativismo humano que grassa na nossa Pós-Modernidade. Nós não podemos perder a herança maravilhosa da espiritualidade humanística que nasceu com o Pobrezinho de Assis, um santo tão apaixonado, tão cândido, tão sentimental, tão humano que nos deixou mais visível a face humana de Deus.


Ney César

Grupo Ágape

De volta ao primeiro amor

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


No dia 26 de setembro de 2010 acontecerá o 1º bazar beneficente do grupo Ágape no Bairro Dom Almir. Este bazar faz parte de um projeto de Ação Social do Grupo, o qual contemplará várias atividades em prol dos nossos irmãos mais necessitados.


E você pode nos ajudar nesta missão... COMO?
Vá até o seu guarda-roupas, dê uma remexida em tudo lá...tenho certeza que vc encontrará roupas, calçados, acessórios e brinquedos que você não utiliza mais, mas que poderá ser utilizado por pessoas que precisam da sua doação.
Amigo talvez uma peça parada no seu guarda-roupas não te afeta em nada, mas pode estar fazendo falta para os mais necessitados.
Então fica o convite vá até o seu "closet" e partilhe algo de lá com alguém que esta precisando.
As doações poderão ser entregues aos membros do grupo Ágape como também na Paróquia Nossa Senhora do Caminho, Comunidade São Paulo, Comunidade São José, Secretaria da Paróquia, Restaurante Banana da Terra e Lojas Czaruste.
Aguardamos a sua colaboração!

Grupo de Jovens Ágape
De volta ao primeiro amor

sábado, 21 de agosto de 2010

Relacionamento - uma visão bem-humorada da vida de um casal


Para que serve uma relação?
Dr. Drauzio Varella


Definição mais simples e exata sobre o sentido de mantermos uma relação?
"Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil".
Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido.
Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração.
Uma armadilha.
Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa,
à vontade para concordar com ela e discordar dela,
para ter sexo sem não-me-toques ou
para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas,
para ter alguém que instale o som novo,
enquanto você prepara uma omelete,
para ter alguém com quem viajar para um país distante,
para ter alguém com quem ficar em silêncio,
sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes,
estimular você a se produzir,
e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é,
de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações,
para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas,
e deve servir para fazer os dois se divertirem demais,
mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto,
e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia,
e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico,
para um perdoar as fraquezas do outro,
para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo,
e para os dois abrirem-se para o mundo,
cientes de que o mundo não se resume aos dois.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Não há fé sem compromisso

Nos últimos tempos é preocupante o número de pessoas que se dizem católicas e que mudam de religião. Ou daquelas que dizem professar a fé católica e não conhecem quase nada de Nossa Igreja. Católicos-protestantes é uma nova modalidade que infelizmente invadiu nossas comunidades. São aquelas pessoas que por desconhecimento de Nossa Igreja ou por orgulho são desobedientes aos seus ensinamentos e falam mal da Santa Igreja, muitas vezes com acusações falsas ou de meias verdades deturpadas. Isso tudo é reflexo de uma fé superficial, sem raízes, que tem se instalado nos corações de muitos católicos.
Antes de tudo é necessário relembrar as palavras de São Tiago que afirma que ”a fé sem obras é morta” (Tg 2, 26). O que seriam essas obras? As obras são nossos atos que mostram que realmente cremos. Quem diz se converter, mas não muda de vida é mentiroso. Fé não é “se sentir tocado” em um momento de oração de ânimos exaltados. Tão pouco é dizer que teve um encontro pessoal com Cristo e não mudar de atitudes. Percebemos que uma pessoa encontrou Cristo de fato quando ela sepulta o homem velho e faz nascer o homem novo (Ver passagem em Rm 6, 1-14). Sepultar o homem velho é deixar morrer em nós o pecado, ou seja, a mentira, a imoralidade, o egoísmo, o orgulho. Deixar nascer o homem novo é se comprometer com a verdade, com a prática da justiça e do bem, é sermos defensores da moral e se comprometer com a cruz de Cristo.
Não há Cristo sem cruz, assim como não há cristão sem cruz. Se não assumirmos a cruz, ou seja, nossos sofrimentos, as dificuldades desse mundo com destemor e alegria, e ver neles algo que nos santifica, não somos dignos de sermos chamados Cristãos. Do mesmo modo, se dissermos Senhor, Senhor e não formos fieis aos mandamentos de Deus (que é resumido no mandamento do amor) e aos ensinamentos da Igreja, não pertencemos à Cristo. Temos que ter a coragem de reconhecer nossas falhas e buscar sempre a santidade. Se quisermos ser cristãos católicos autênticos temos que buscar uma vida de constante oração, frequentar sempre os sacramentos da Eucaristia e Reconciliação, refletir com frequência a Palavra de Deus e, acima de tudo, fazer todo esforço para mudar de vida, deixar os maus hábitos, a prática de ações que geram morte e não vida, para nós e para os outros.

sábado, 7 de agosto de 2010





Carta aos fiéis

Aos caríssimos irmãos e irmãs da Diocese de Uberlândia
Graça e paz!
Há algum tempo estamos falando das celebrações de cinquenta anos da criação da Diocese de Uberlândia, que ocorrerá no dia 22 de julho de ano de 2011 como marco de grande importância para a vida da Igreja Católica na região do Triângulo Mineiro onde estamos em 09 municípios, com cerca de 45 paróquias sob a assistência do Bispo Diocesano e colaboração de mais de 66 padres e 32 diáconos permanetes.
A “Diocese é uma ‘porção do Povo de Deus` confiada ao pastoreio do Bispo com a cooperação do presbitério, de tal modo que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo Evangelho e pela Eucaristia unida por Ele no Espírito Santo, constitua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica” (CDC, 369).
A Diocese de Uberlândia, porção do Povo de Deus, foi criada pelo Papa João XXIII, no dia 22 de julho do ano de 1961, e teve como Bispos nessas décadas: Dom Almir Marques Ferreira (1961 – 1977), auxiliado por Dom Onofre Candido Rosa, SDB de 1970 – 1977; Dom Frei Estevão Cardozo de Avellar, OP, de 1978 – 1992; Dom José Alberto Moura, CSS, de 1990 – 2007, hoje Arcebispo de Montes Claros, MG, e, Dom Paulo Francisco Machado, nomeado pelo Papa Bento XVI no início de janeiro de 2008.

Queremos caminhar com toda Igreja Católica no Brasil: queremos ser discípulos missionários, queremos ser uma Igreja Samaritana. Ao desafio apresentado pelo Documento de Aparecida e, como melhor forma de celebrar o nosso Jubileu de Ouro desejamos avaliar e dar importantes passos na nossa pastoral mediante a convocação da nossa oitava Assembléia Diocesana. Todos, sem nenhuma exceção, são convocados a dar suas preciosas contribuições para realização do Jubileu de Ouro e da Assembléia, lembrados sempre de que, com mãos postas e joelhos no chão, seremos mais que vencedores.
Maria Santíssima, Estrela da Evangelização, nos acompanhe com sua maternal proteção. Santa Teresinha, padroeira das missões e de nossa Diocese, interceda pelo êxito espiritual das celebrações jubilares e pela frutífera realização da oitava Assembléia Diocesana de Pastoral.
Fraternalmente,
+ Paulo Francisco Machado
Uberlândia, 02 de maio de 2010.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

In tribulatione patientis


Tendo em vista da quantidade de problemas que o mundo enfrenta, achei por bem compor este artigo, in tribulatione patientis, que em latim significa “pacientes na tribulação”.
O mundo hoje prega um materialismo desregrado junto com um relativismo absurdo. Excluiu-se Deus de forma quase completa da sociedade em nome do egoísmo. A maior prova disso é que hoje cada um adapta um deus para si, um deus comerciante, um deus que atende as necessidades particulares. É essa a pior heresia do século XXI, pois é uma heresia que não se agrupa. Mesmo seu pensamento é individualista.
O homem excluiu Deus de tal forma de sua vida que quis moldar um deus individual para si, um deus puramente material, pois ninguém pode mais sofrer. O homem hoje para não se chamar Deus faz absurdos maiores ainda, como dizer que Deus não existe ou como moldar um deus para suas necessidades. Isso está correto?
A religião que prevalece hoje não é uma religião, é o individualismo. A palavra Religião por si só significa religar. Mas religar o que? Religar o homem a Deus. Hoje o relativismo, o egoísmo e o individualismo misturados em uma panela de lama formam a pseudo-religião do eu. O que vale não é o direito de Deus e sim o direito que eu tenho de pensar o que é Deus. Mas a questão é: Se Deus é um ser, que já existe, será que eu tenho o direito de pensar no que Ele é? Será que eu tenho o direito de ajustar a vontade de Deus segundo a minha vontade? Ou será que esses atos são apenas uma tentativa do homem fazer prevalecer seu individualismo, seu relativismo e seu egoísmo muito mal expressos na forma de religião?
A Palavra de Deus diz em Rm 12, 12:

“Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (grifos meus).

O que importa é buscarmos o Reino de Deus e a sua justiça, pois todas as outras coisas nos são dadas por acréscimo (cf. Mt 6, 33). Portanto, a prosperidade nas coisas terrenas pode não ser o que Deus quer para nós, pois se Jesus que é Deus sofreu com a pobreza, quem dirá então nós, que somos servos e não são os servos maiores que seu Senhor (Cf. Jo 13, 16)?
São Paulo também disse para buscarmos as coisas do alto, pois é lá que está nossa vida escondida em Cristo e quando Cristo em sua vinda aparecer, aparecerá também com Ele a nossa glória (Cf. Col 3, 1-4). Assim, somos todos chamados a buscar as coisas celestes, porque não somos deste mundo.
É certo que o Pai quer muito que seus filhos na terra não padeçam, mas mesmo no na tempestade Deus está conosco e às vezes as provações são mandadas pelo próprio Deus, pois a fé cresce na provação e essa vida não passa de uma sombra do mundo que há de vir. Muito melhores são as coisas do alto. Não há prazer desse mundo que se compare ao amor Ágape de Deus no céu. Entretanto, em momento algum devemos nos acomodar nesse pensamento e deixar nosso irmão sofrer, pois a caridade é uma virtude sem igual (Cf. 1 Cor 13).
Por isso, somos exortados a confiar em Deus. Jesus diz que tudo o que pedirmos nos será dado (Cf. Lc 11, 9), mas nos diz também para pedirmos que seja feita a vontade do Pai na oração do Pai Nosso (Cf. Mt 6, 10). Assim, devemos pedir a Deus o que necessitamos, mas pedir com humildade, ou seja, devemos pedir o que é da vontade de Deus que nos seja dado.
Hoje o homem esqueceu-se completamente de Deus e por isso busca um deus comerciante, pois se apegou demais as coisas do mundo e não quer sair do mundo, pois não tem mais nenhuma esperança na vida eterna. Essa é a mentalidade que o mundo nos dá hoje.
As conseqüências da falta que o sofrimento faz a vida das pessoas são notórias. A cada dia os divórcios aumentam mais. Os casais de namorados não sabem mais esperar para ter sua vida sexual. As pessoas, por não suportarem os sofrimentos da vida se suicidam. Isso é o que o mundo prega. Esse é o salário do pecado.
É bom falar também que os grandes santos da Igreja aspiravam ao sofrimento como forma de aprendizado e como forma de purificação. São Francisco de Assis deixou tudo e foi viver como um mendigo, bem como São Domingos de Gusmão. São Gaspar Bertoni quis sofrer como Jesus sofreu. Santa Liduína e Santa Rita de Cássia quiseram participar do sofrimento de Cristo na cruz. E quantos outros santos pediram a Deus o sofrimento! Se um santo pediu o sofrimento, quem somos nós, tão pecadores para pedirmos a prosperidade?
Há alguns anos o Padre Léo da Renovação Carismática Católica faleceu de câncer. Esse padre em meio às dores do câncer em momento algum pediu a prosperidade, mas pediu insistentemente para que fosse feita a vontade de Deus e para que ele aprendesse tudo o que tinha para aprender com aquela doença.
Nosso sofrimento faz bem até a quem nos rodeia. Quando o próximo nos vê sofrer e compadece-se de nós, ele cresce na fé. Quando o nosso irmão nos ajuda, sua caridade é exercitada e assim ele cumpre o segundo maior mandamento que é “Amar ao próximo como a si mesmo”.
Se a prosperidade é sinônimo da presença de Deus na vida das pessoas, pobres foram os apóstolos de Nosso Senhor. São Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo. Santo André foi crucificado em X para que morresse lentamente e com maior sofrimento. São Paulo foi decapitado. São Tomé teve seu corpo perfurado com lanças até a morte. São Bartolomeu foi açoitado até a morte e provavelmente agonizou em carne viva. São Tiago, o maior, foi decapitado. São Tiago, o menor, foi arremessado de cima do Templo de Jerusalém e depois foi apedrejado até a morte. São Judas Tadeu (não confundir com Judas Iscariotes, o traidor) morreu crucificado. E assim também São Matias e São Filipe morreram martirizados. São João não foi mártir, mas sofreu exílio e morreu, provavelmente, nessa condição.
Não foram raros os exemplos de martírio nos primeiros séculos do cristianismo. Então, se a prosperidade indica a presença de Deus, Deus esteve ausente por um bom tempo. Assim vemos que a prosperidade não é necessariamente a vontade de Deus.
Portanto, devemos ser pacientes na tribulação e pedir a Deus que nos ensine tudo o que as provações nos podem ensinar, como os grandes santos fizeram.
É certo que o testemunho de uma cura, de um milagre, de uma graça é muito belo, mas muito mais belo ainda é o testemunho daquela pessoa que se entrega inteiramente à vontade de Deus e espera paciente na tribulação tendo a certeza de que essa vida não é nada e que um tesouro muito maior nos aguarda em Deus. Muito mais belo é o testemunho de quem espera em Deus, independente de graça, paciente na tribulação!
Por isso devemos ter a vontade de ser santos e tendo essa vontade, devemos aspirar às coisas lá de cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus. É importante sempre pedir a Deus que a vontade d’Ele seja feita e que sejamos provados a ferro e fogo a fim de que cresçamos na fé. Isso significa que devemos aprender a agradecer a Deus, mesmo nos momentos de sofrimento, pois o sofrimento nos purifica.
O que ocorre hoje é que as pessoas não sabem mais ser pacientes na tribulação e se apegam demais as coisas materiais. O tesouro do verdadeiro cristão está, entretanto, muito acima das coisas terrenas. Sofrer não é sinônimo de ficar triste. O verdadeiro cristão suporta os sofrimentos na alegria e na oração, pois sabe que essa vida, os sofrimentos e tudo mais passam e o que vem depois é o Reino dos Céus. Assim, devemos não nos queixar, mas agradecer a Deus pela bênção que é acordar vivo a cada manhã, podendo ser mais santo a cada dia em que vivemos.

In corde Iesu et Mariae semper

Eduardo Moreira

sábado, 24 de julho de 2010

Livros "Apócrifos" ou Deuterocanônicos? A origem da dissidência do cânon bíblico protestante.


Muitas pessoas, ao longo dos anos, têm tentado defender absurdos, cada um maior que o outro. O presente artigo foi escrito com base em dados do livro O Cânon Bíblico – A Origem da Lista dos Livros Sagrados de Alessandro Ricardo Lima. Nesse artigo pretendemos refutar, com base em dados do citado autor, argumentos lançados de forma mentirosa sobre a Igreja Católica para falar da origem do Cânon Bíblico Cristão.

Como se não bastasse a tempestade provocada pelos livros apócrifos gnósticos encontrados no Egito durante o século 20, também outros ataques provenientes dos protestantes, vêm de mãos dadas aos não cristãos para tentar ferir a Igreja Católica com calúnias. Dessa vez trataremos da mentira propagada que afirma que a Igreja Católica adicionou livros “apócrifos” à Bíblia durante o Concílio de Trento (1545 – 1563 d.C.) numa tentativa de incriminar a pseudo-reforma protestante.

O Cânon Bíblico Católico é a lista dos livros sagrados e divinamente inspirados que os cristãos elaboraram já nos primeiros séculos do cristianismo. Há uma falsa afirmação de que o Concílio de Nicéia (317 d.C.) haveria já ditado um cânon bíblico, o que nunca existiu. Não há qualquer citação em nenhuma parte do Concílio a respeito de cânones da Sagrada Escritura. Entretanto, é mesmo sobre polêmicas que esse artigo vem falar.

Os Concílios de Nicéia (317 d.C.), Trento (1545-1563 d.C.) e Vaticano II (1962-1965 d.C.) foram os mais polêmicos da história da Igreja. O primeiro porque se tratava da legalização do culto cristão, até então perseguido pelo Império Romano. Culpa-se a Igreja, sem nenhum fundamento, de ter se vendido ao paganismo após esse concílio, o que é desmentido pelos testemunhos dos Santos Padres anteriores ao ano 317 d.C. O segundo porque foi a Contra-Reforma, que acabou com a farsa de que a pseudo-reforma era o retorno às origens do cristianismo e o terceiro, porque mudou a cara da Igreja Católica.

É comum em materiais protestantes vermos então ataques colocando mentirinhas nesses três concílios para justificar o proceder desses nossos irmãos separados. Mentirinhas que são mentiras de qualquer forma e que acabam fazendo com que muitos entrem no erro.

Quanto ao cânon bíblico, sabemos que esse é diferente na Igreja Católica e nas igrejas protestantes. O cânon protestante não possui sete livros inteiros (I e II Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico, Sabedoria e Baruc) e mais ainda os acréscimos de Daniel e Estér presentes na Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento usada pelos judeus da época de Cristo. O grego (koiné) era a língua universal da época de Nosso Senhor, tanto que todo o Novo Testamento foi escrito em grego. Das 350 citações do Antigo Testamento no Novo, 300 são da Septuaginta.

A diferença entre os cânones católico e protestante, se devem ao fato de que Martinho Lutero durante a pseudo-reforma retirou todos esses livros e mais ainda vários livros do Novo Testamento que foram sendo incorporados mais tarde. Lutero chamou a Carta de Tiago de carta de palha, pois nessa Carta, São Tiago fala que a fé sem obras é morta (Cf. Tg 2, 26). Lutero defendia a salvação só pela fé com a fé sendo como um e sentimento. Por esse motivo esse livro teve de ser cortado do cânon luterano inicial.

Os demais livros foram cortados por diversos motivos, tais como a defesa clara do purgatório em II Macabeus (Cf. II Mac 12, 43-45). Outros motivos são devido a um mau-entendimento do contexto em que os livros haviam sido escritos, o que ocasionou que considerassem tais livros como não inspirados. Uma dessas divergências deve-se ao fato de que Eclesiástico defende a vingança contra o inimigo, o que é perfeitamente defendido no Antigo Testamento inteiro, onde valia a lei de Talião [olho por olho e dente por dente (Cf. Ex. 21, 24; Lv 24, 20; Dt. 19, 21)]. Essa lei só caiu no cristianismo quando Nosso Senhor Jesus Cristo a aboliu (Cf. Mt. 5, 38-39).

Para defender seu argumento os protestantes de hoje também dizem que, além dos livros deuterocanônicos conterem “heresias” (o que é falso), os judeus não usam esses textos. De fato, uma boa parte dos judeus de hoje não usa esses textos, mas outros ainda os usam. O que ocorreu é que até o ano de 91 d.C., os judeus ainda não haviam fechado seu cânon, conforme consta na Talmud, um documento judeu. Nesse ano, devido a expansão do cristianismo, os judeus se viram obrigados a conter tal expansão e também a divulgação dos documentos cristãos em sua cultura. Para isso passaram a recusar os livros que:

· Tinham algum ponto divergente em doutrina dos outros livros;

· Tinham sido escritos em outra língua que não o hebraico ou aramaico;

· Tinham sido escritos fora da terra santa;

· Tinham sido escritos depois de Esdras.

Por esses critérios, todo o Novo Testamento estaria fora da Bíblia, visto que esse foi completamente escrito em grego, depois de Esdras, alguns livros fora da terra santa e ainda por cima, tem ensinamentos contrários à lei dos judeus (Cf. Mt 5, 1 – 48; Toda a Carta de São Paulo aos Romanos). Por isso, vê-se a grande incoerência dos protestantes em seguir os judeus e não a Igreja dos primeiros séculos, mesmo porque os protestantes alegam ser o retorno à fé cristã primitiva.

Outros protestantes objetam ainda dizendo que o cânon bíblico do passado fora diferente do cânon atual da Igreja Católica. Isso não é de todo falso, mas faremos aqui uma explanação para que o leitor veja que se não foi igual ao cânon católico, muito menos foi então igual ao cânon protestante.

Grandes santos como São Militão de Sardes (177 d.C.) deixaram escritos dizendo que o cânon bíblico é exatamente o que usamos hoje. Entretanto, santos como São Jerônimo (347 – 420 d.C.), defenderam cânones diferentes por certo tempo. Outras pessoas defenderam cânones que possuem livros que hoje não estão na lista dos Livros Sagrados, tais como o proto-Evangelho de Tiago (que defende a virgindade perpétua de Nossa Senhora) e a Didaqué (primeiro catecismo cristão a ser escrito e que defende o batismo por aspersão).

São Jerônimo nem sempre defendeu o cânon bíblico tal como o conhecemos. Esse santo foi mandado à Jerusalém pelo Papa São Dâmaso I e lá teve influência dos rabinos judeus, o que o levou a rejeitar os livros de I e II Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria. São Jerônimo, entretanto, jamais rejeitou o livro de Baruc, que era uma parte do livro de Jeremias segundo a Septuaginta. Jamais também rejeitou os acréscimos do livro de Daniel. Ao longo de sua vida, São Jerônimo rejeitou o livro de Ester e aceitou o livro de Judite. No fim de sua vida, entretanto, São Jerônimo já havia aceitado todos os livros que temos hoje em nossa Bíblia.

Houveram, todavia, concílios regionais que ocorreram sob a assistência de grandes doutores, como Santo Agostinho de Hipona. Os Concílios de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.) que ocorreram sob o consentimento do Papa da época já haviam deixado a lista dos Livros Sagrados exatamente igual a mesma usada pela Igreja Católica nos dias de hoje. A falta de unidade dos protestantes, entretanto, faz com que eles digam que esses concílios são regionais e que isso significa que apenas algumas Igrejas usavam o nosso cânon atual. Entretanto, sabemos que na Igreja Católica há a unidade e que um concílio regional não tem força para mudar nenhuma decisão da Igreja inteira, portanto, o cânon mencionado nesses concílios era o cânon universal, apenas reafirmado nesses concílios.

Outra confusão que é feita é quanto à palavra cânon. Antigamente, especialmente depois dos concílios de Cartago e Hipona houve a segregação de Livros Inspirados. A lista dos Livros Inspirados era dividida em Livros Canônicos (livros inspirados de leitura nas assembléias) e Livros Eclesiásticos (livros inspirados para outros estudos). Essa divisão não diminuía em nada a inspiração atribuída aos livros nelas contidos.

Os Livros Eclesiásticos estavam distribuídos no Antigo e no Novo Testamento. Os livros do Antigo Testamento eram I e II Macabeus, Ester, Tobias, Judite, Sabedoria e Eclesiástico. Entre os Livros Eclesiásticos do Novo Testamento podemos citar o Apocalipse, a Epístola de São Tiago, a Carta aos Hebreus, A Segunda Carta de São Pedro e as cartas II e III João. Entre os Livros Canônicos do Antigo Testamento estava o livro de Baruc, que era um acréscimo de Jeremias e que hoje não está mais presente nas Bíblias Protestantes. Os demais livros eram todos chamados de Livros Canônicos.

O tempo foi passando e em maior ou menor grau os Livros Eclesiásticos passaram a ser mais difundidos até que o Concílio de Florença que ocorreu entre 1443 e 1445 d.C. resolveu por fim a essa segregação entre Livros Eclesiásticos e Livros Canônicos. A partir desse concílio (que foi um concílio universal), todos os livros inspirados passaram a ser chamados de Livros Canônicos e na lista estavam todos os livros antes chamados de Eclesiásticos, ou seja, o cânon foi plenamente definido só no Concílio de Florença, que por sinal, foi anterior a Reforma Protestante. Vemos, entretanto, que mesmo antes desse concílio, os Livros Eclesiásticos já eram tidos como inspirados, mesmo não sendo chamados canônicos.

Os protestantes alegam que foi o Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563 d.C. que adicionou livros blasfemamente chamados de apócrifos na Bíblia Católica. Isso é uma mentira sem tamanho e fora todos os testemunhos dos Santos Padres do período patrístico (primeiros séculos do cristianismo), temos ainda documentos históricos que derrubam essa farsa.

Um desses documentos é a Bíblia de Gutenberg. A Bíblia de Gutenberg, primeiro livro impresso do mundo (impresso entre 1450 e 1455 d.C.) contém o cânon exatamente igual ao que se tem hoje na Igreja Católica. As Igrejas Ortodoxas, em suma, usam um cânon idêntico ao católico. Algumas dessas Igrejas de nossos irmãos pós-cisma não têm o cânon igual ao nosso, mas as adições e os cortes foram feitos com o tempo. Como o Cânon Católico só foi formulado entre 1545 e 1563 d.C. se os ortodoxos se separaram de uma vez por todas da Santa Igreja Católica Apostólica Romana já em 1055 d.C.? E como os livros chamados de apócrifos pelos protestantes foram adicionados só no Concílio de Trento se 100 anos antes desse eles já estavam na Bíblia Católica de Gutenberg? E mais duas questões. Se era para seguir o cânon antigo, o que faz o livro de Ester na Bíblia protestante junto aos deuterocanônicos do Novo Testamento? Por que então o livro de Baruc não está presente na Bíblia protestante? São perguntas que não podem ser respondidas, não?

A verdade é que o cânon protestante seguiu o judaísmo do período pós-Cristo (quando os judeus já não tinham mais nada que ver com os cristãos) para o Antigo Testamento e o Catolicismo para o Novo Testamento. Por quê? Porque se não tivessem feito os cortes que fizeram seria impossível fundar suas novas igrejas. Teriam de aceitar a intercessão dos Santos, o purgatório e várias outras doutrinas que a Igreja Católica professa e que as Igrejas Ortodoxas professam também em menor ou maior grau. É certo que as Igrejas Ortodoxas não crêem no Purgatório, que só foi definido (e não inventado pela Igreja Católica) após o cisma de 1055 d.C., mas as Igrejas Ortodoxas também oram pelos seus mortos, o que mostra também que a doutrina de não realizar tal ato é estranha ao cristianismo autêntico. Muitos teólogos ortodoxos também defenderam o purgatório, mas a questão com essas Igrejas é mais complicada porque elas têm cada uma sua própria tradição e não se pode ter uma generalização dos cismáticos.

A questão é muito simples, como não se pode defender com argumentos válidos as doutrinas protestantes, é mais cômodo inventar um fato aqui, omitir um dado ali, para assim moldar igrejas de acordo com a necessidade que mais interessa. Mas a questão é, onde Jesus pregou a divisão? Onde Jesus pregou a mentira e a omissão? Há alguma parte na Bíblia que manda “Omitam informações que vos prejudiquem” ou alguma que diz “Inventem argumentos para justificar vosso proceder”?

Esperamos essas respostas da mesma forma que esperamos ansiosos e com ardentes orações que esses irmãos retornem a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que é a casa de todo Cristão.

In corde Iesu et Mariae semper!

Eduardo Moreira.

Por que os protestantes não lêem as obras de Lutero?


Retirado do Site Veritatis Splendor (www.veritatis.com.br)

Lutero, um homem idôneo ou um devasso? Saiba a verdade (estranhamente ou intencionalmente?) omitida sobre esse "monge" agostiniano!

Nos debates entre católicos e protestantes, nós, católicos, notamos que nossos opositores são bastante exigentes em relação ao detalhamento das doutrinas da Igreja. Geralmente submetem-nos a diversas perguntas, sejam elas bem ou mal formuladas. O apologista católico, então, deve estar preparado, estudar a doutrina de sua Igreja, ler as obras dos padres apologistas, e responder a esses fundamentalistas satisfatoriamente (infelizmente, eles não se satisfazem com respostas). Mas, será que os protestantes buscam nos seus "pais" a resposta para nossas questões?

Vocês, leitores, já perceberam que os protestantes geralmente buscam suas fontes a partir de grandes teólogos do passado e do presente, mesmo de Calvino, no caso dos calvinistas, e vários outros teólogos modernos? Entretanto, geralmente falta um personagem, o personagem principal, no âmbito reformado: Martinho Lutero.

Já é ampla a nossa cobertura da revolta protestante do século XVI, mas muito ainda falta ser dito. Os protestantes costumam colocar Lutero como um príncipe, um homem iluminado, que trouxe à luz a Igreja que jazia nas trevas da "corrupção". Em todos os meios protestantes, Lutero foi um homem que, ao ler "um livro proibido", a Bíblia, descobriu em suas letras simples a doutrina até então "obscura" de Cristo: a salvação somente pela fé. Desde então Lutero é uma figura ímpar na história do protestantismo. Inclusive alguns teólogos católicos reconhecem em Lutero valores dignos dos grandes doutores da Igreja.

Porém, seus escritos praticamente desapareceram da estante dos protestantes modernos (ou pelo menos, de suas obras). O que vemos hoje é que os protestantes fundamentalistas se baseiam mais em sua própria opinião "errada" das Escrituras do que num fundamento ao menos mais criterioso. Entretanto, será que é válida a fundamentação da teologia protestante na herança dos estudos de Lutero?

Quantos protestantes, mesmo pastores, já leram obras de Lutero. Dificilmente um católico que não seja estudioso do assunto leria. Mas espera-se que os protestantes tenham uma certa noção dos escritos dos seus pais. Nós católicos buscamos ler e entender o que pensavam e ensinavam os pais da Igreja: Inácio, Clemente, Leão, Tertuliano, Gregório, Agostinho, Vicente, Aquino. Entre milhares de outros. É uma vasta literatura, mas todo católico que esteja interessado nas suas doutrinas busca conhecer a sua patrologia.

Lutero deixou uma obra extensa, da qual em português creio não existir nem metade. Suponho, também, que nem metade dos protestantes já leu as obras dele. O que será que encontrariam? Talvez não gostem muito do que encontrarão, caso se aventurem. Na realidade, apesar de ser um estudioso da Bíblia, ter causado uma revolução no seio da Igreja, muitas vezes Lutero foi um blasfemo. Ao menos, pelos seus escritos, é o que nos parece.

Muitos protestantes questionam os católicos acerca do que falaram os seus teólogos do passado. Muitos dizem que Papas pecaram, disseram isso ou aquilo. Tudo isso, para eles, é prova de que a Igreja Católica não é a Igreja fundada por Jesus, nosso Senhor. Que o Espírito Santo não pode conduzir uma Igreja que ensina a "venda do perdão", por exemplo. Outros alegam que a Igreja não podia ter transferido a um homem o poder que somente Deus contém. Entre várias outras alegações, os erros do passado são, para os protestantes, prova mais que suficiente de que a Igreja é demoníaca.

No nosso país, é comum o uso de "ditados populares". Um deles, que podemos até aplicar aqui, é "Cuidado! O peixe morre pela boca".

Muito do que Lutero escreveu, em confronto com o Papa e a autoridade da Igreja, é defendida até o fim pelos seus idealistas. Mas será que defenderiam com a mesma vontade o Lutero que vamos apresentar aqui? Talvez fiquem surpresos, digam que ele não quis dizer o que está aparentado, que existem outros escritos dele que dizem o contrário. Ora, pelo que vamos ler, parece que não há como entender outro contexto, o que faz com que entendamos exatamente o que Lutero quis dizer quando da redação das obras. E se existem outros escritos dele que dizem o contrário, isto não é um fator de alívio, mas de complicação.

Mas, de qualquer forma, o leitor julgue as palavras de Lutero...ditas pelo próprio reformador.

Seja um pecador

Se és um pregador da graça, então pregue uma graça verdadeira, e não uma falsa; se a graça existe, então deves cometer um pecado real, não fictício. Deus não salva falsos pecadores. Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda...Se estamos aqui (neste mundo) devemos pecar...Pecado algum nos separará do Cordeiro, mesmo praticando fornicação e assassinatos milhares de vezes ao dia. (American Edition, Luther's Works, vol. 48, pp. 281-82, editado por H. Lehmann, Fortress, 1963. 'The Wittenberg Project;' 'The Wartburg Segment', translated by Erika Flores, de Dr. Martin Luther's Saemmtliche Schriften, Carta a Melanchthon, 1 de agosto de 1521. )

Lutero está claramente dizendo que os nossos pecados, mesmo o pecado mais intenso imaginável, não importa. Diz que podemos cometer os pecados de forma convicta, que mesmo assim não nos separaremos de Deus. Imagine um católico dizendo tal coisa a um protestante, em um debate sobre o pecado, qual seria a resposta do protestante? (não responda, caro leitor, apenas abra sua Bíblia e leia o que ela diz sobre o pecado ? Mt 25,32; Mt 13,30; Mt 3,10; Hb 10,26-29).

Fazer o bem é mais perigoso que o mal

Estas almas piedosas que fazem o bem para chegar ao céu não somente não o alcançarão, como serão arranjados entre os ímpios; e importa mais em impedi-los de fazerem boas obras que pecados. (Wittenberg, VI, 160, citado por O'Hare, in "The Facts About Luther", TAN Books, 1987, p. 122).

Sim, é isso que você leu. Deve-se evitar praticar boas obras, não pecados. Acaso foi isso que Jesus ensinou? Pense em Cristo exortando a pecadora, em vias de ser apedrejada, e, ao segurá-la pela mão, dizer: "vá, e não pratique mais boas obras". Na verdade, o que Lutero quer dizer é "não se preocupe com os pecados, Jesus os encobrirá. Preocupe-se com suas boas obras, isto lhe condenará". As Escrituras dizem que seremos julgados pela forma como vivemos a nossa fé. Paulo diz claramente, em Rm 2,5-11, que o justo julgamento de Deus será de acordo com nossas ações. De acordo com 2Cor 5,10, receberemos a recompensa de Deus de acordo com nossos atos, bons ou ruins. Segundo Lutero, seremos recompensados por não fazer boas obras, enquanto que nossos pecados não influirão no julgamento de Deus.

Você pode perguntar: mas não são os protestantes que acreditam "somente na Bíblia"? Bem, responderíamos, somente quando lhes convém...

Não há livre arbítrio

...Em relação a Deus, e a tudo que importa na salvação e condenação, o homem não possui livre-arbítrio, é um cativo, um prisioneiro, um escravo, seja da vontade de Deus, seja da vontade de Satanás. (Bondage of the Will, Martin Luther: SelectionsFrom His Writings, ed. by Dillenberger,Anchor Books, 1962 p. 190).

Tudo que fazemos é por necessidade, não por livre-arbítrio, pois o livre-arbítrio não existe... (Ibid, p. 188)

O homem é como um cavalo. Deus o está montando? Um cavalo é obediente e aceita as vontades de seu dono, e vai onde quer que ele queira. Acaso Deus soltou as rédeas? Então Satanás sobe em seu dorso, e o submete aos seus caprichos...Portanto, a necessidade, e não o livre-arbítrio, é o princípio controlador de nossa conduta. Deus é o autor do que é mal como do que é bom, e, da forma como concede a felicidade àqueles que não a merecem, assim também condena a outros que não desejaram seu destino. ('De Servo Arbitrio', 7, 113 seq., citado por O'Hare, in 'The Facts About Luther, TAN Books, 1987, pp. 266-267.)

A Bíblia discorda de Lutero. Lemos em Eclesiástico 15,11-20: "Não digas: É por causa de Deus que ela me falta. Pois cabe a ti não fazer o que ele abomina. Não digas: Foi ele que me transviou, pois que Deus não necessita dos pecadores. O Senhor detesta todo o erro e toda a abominação; aqueles que o temem não amam essas coisas. No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo; deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado, porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens. Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens".

Os protestantes, claro, replicarão dizendo que Eclesiástico não é um livro canônico. Apesar de estarem errados, e Eclesiástico ser sim um livro canônico (leia os porquês em vários artigos de nossos site), podemos citar livros que eles apreciam como Escritura Sagrada: Dt 30,19-20: "Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e Jacó, teus pais". Vemos que o homem, além de ser livre para escolher, ele é obrigado a fazer tal escolha. Em Gn 4,7 lemos: ?Se praticares o bem,, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se precederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo?.

Em Jo 15,15: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai". Não nos parece que João concorda com Lutero a respeito da natureza eqüina dos homens, nem de seu jóquei...

Lutero disse que Deus é o responsável pelo bem e pelo mal. Porém Paulo também discorda dele, pois escreveu: "Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do pecado? Por certo que não!". Por certo que Lutero está errado.

Os cristãos não estão sujeitos a autoridade alguma

Todo cristão é pela fé tão exaltado sobre todas as coisas que, por meio de um poder espiritual, é senhor de todas as coisas, sem exceções, que nada lhe causará mal. De fato, todas as coisas foram feitas sujeitas a ele e são orientadas a servi-lo na sua salvação. ('Freedom of a Christian,' Martin Luther. Selections From His Writings, ed. por Dillenberger, Anchor Books, 1962 p. 63.)

Injustiça é feita quando as palavras ?sacerdote, clérico, espiritual, eclesiástico? são transferidas de todos os cristãos para aqueles poucos que são chamados por costume mesquinho de "esclesiásticos" (Ibid., p. 65)

Segundo Lutero, não há necessidade de sacerdotes, e da hierarquia. Todo cristão tem uma relação livre com Deus. Isto parece algo muito bom, e realmente nós podemos ter uma relação direta com Deus. Entretanto não podemos excluir o papel da hierarquia e dos sacerdotes. Lemos no livro de Números, capítulo 12, que a irmã de Moisés, Mirian (Maria), disse: "Porventura é só por Moisés, diziam eles, que o Senhor fala? Não fala ele também por nós". A Bíblia mostra que "o Senhor ouviu isso" e disse "Por que vos atrevestes, pois, a falar contra o meu servo Moisés?" e logo depois "Maria foi ferida por lepra". A Bíblia nos ensina a não proceder contra os escolhidos por Deus: "Deus me guarde de jamais cometer este crime, estendendo a mão contra o ungido do Senhor, meu senhor, pois ele é consagrado ao Senhor!" (1Sam 24,7). Pela intercessão de Moisés, Mirian foi curada da lepra. Logo depois vemos Coré (Num 16) se rebelar contra Moisés e Aarão: "Basta! Toda a assembléia é santa, todos o são, e o Senhor está no meio deles. Por que vos colocais acima da assembléia do Senhor?". A Bíblia mostra que, por causa desta revolta, "Saiu um fogo de junto do Senhor e devorou os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam o incenso". Isto pode ser a semelhança do que espera aqueles que se rebelam contra os desígnios de Deus: "Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos" (Mt 25,41).

Os camponeses mereceram seu destino

Assim como as mulas não se movem até que seu dono lhe puxe as cordas, assim o poder civil deve conduzir as pessoas comuns, açoitá-los, enforcá-los, queimá-los, torturá-los e decapitá-los, para que aprendam a temer o poder estabelecido (El. ed. 15, 276, citado by O'Hare, em 'The Facts About Luther, TAN Books,1987, p. 235).

O camponês é um porco, e quando um porco é abatido, ele está morto, e da mesma forma os camponeses não pensam sobre a vida futura, pois do contrário se comportariam de outra maneira. ('Schlaginhaufen,' 'Aufzeichnungen' p. 118, citado ibid., p. 241).

Trata-se do episódio da guerra dos camponeses de 1525. O próprio Lutero recomendava aos príncipes: "impeça-os da forma que puderem, como se matam cachorros loucos" (Ibid., p. 235). Erasmo de Roterdã, contemporâneo de Lutero, relatou que mais de cem mil camponeses perderam suas vidas (Ibid., p. 237).

Provavelmente você, leitor católico, já foi defrontado por protestantes com o argumento de que a Igreja "matou milhões de pessoas na inquisição", entre outras acusações (mal informadas, no caso das inquisições). Porém, como estamos mostrando neste artigo, poucos são os que conhecem que Lutero, Calvino e Elisabeth promoveram massacres contra católicos ou não-católicos. Muitos, na verdade, não sabem nem mesmo que Calvino mandou queimar Miguel de Serveto, ou porque Thomas Moore foi decapitado, na Inglaterra...

Poligamia

Confesso não poder evitar que uma pessoa despose muitas mulheres, pois tal não contradiz as Escrituras. Caso um homem escolha mais de uma mulher, deve procurar saber se está satisfeito com sua consciência de que o fará em acordo com o que diz a Palavra de Deus. Neste caso, a autoridade civil nada tem a fazer. (De Wette II, 459, ibid., pp. 329-330)

Somente pela Escritura Lutero não pôde descartar a poligamia. Talvez ser bígamo, ter várias mulheres ao mesmo tempo, sem ser fiel a nenhuma delas, não influencie na conduta cristã de buscar na Bíblia somente o que diz respeito à salvação...

A Bíblia poderia melhorar

A história de Jonas é tão monstruosa que é absolutamente inacreditável ('The Facts About Luther, O'Hare, TAN Books, 1987, p. 202)

Eu jogaria o livro de Esther no Elbe. Sou de tal forma inimigo deste livro que preferiria que não existisse, pois é judaizante demais e com grande parte de idiotices pagãs. (Ibid.)

A carta de Tiago é uma carta de palha, pois não contém nada de evangélico ('Preface to the New Testament,'ed. Dillenberger, p. 19.)

Se algo sem sentido foi falado, este é o lugar. Eu confirmo o que muitos já haviam dito que, com muita probabilidade, esta epístola não fora escrita pelo apóstolo, e não merece o nome do apóstolo. ('Pagan Servitude of the Church' ed. Dillenberger, p. 352.).

Para mim tal livro* não possui qualquer característica cristã. Que cada um julge este livro; eu mesmo tenho aversão, e isto é o suficiente para rejeitá-lo (Sammtliche Werke, 63, pp. 169-170, 'The Facts About Luther,' O'Hare,TAN Books, 1987, p. 203). *NT: Trata-se do livro de Apocalipse.

É dito que Lutero entendeu a Bíblia "como se Deus falasse ao coração". Mas é difícil de imaginar que o próprio Deus, que lhe "falou ao coração", revelasse que Tiago escreveu uma epístola sem valor. Tal confusão é bem parecida com a "inspiração pelo Espírito Santo" que os evangélicos têm hoje em dia para confirmar a veracidade de suas interpretações bíblicas. É interessante também notar que, para os protestantes, a Bíblia é a autoridade final, correto? Porém vemos que Lutero se coloca acima da autoridade da Bíblia, escolhendo quais livros devem pertencer ou não a ela, e ainda com a "autoridade" de definir determinado livro. Na realidade, Lutero se colocou acima da Bíblia que afirma estar sujeito. Sem perceber, os protestantes de ontem e de hoje fazem o mesmo.

Os protestantes, debatendo sobre os deuterocanônicos, citam passagens que dizem que os que acrescentam qualquer coisa à Palavra de Deus serão condenados. Demonstramos com vários artigos que, na realidade, quem acrescentou ou retirou algo da Bíblia foram os reformadores. E o próprio Lutero admite tal feito, com a adição da palavra "somente" em Rm 3,28 de sua tradução para o alemão:

Se um papista lhe questionar sobre a palavra "somente", diga-lhe isto: papistas e excrementos são a mesma coisa. Quem não aceitar a minha tradução, que se vá. O demônio agradecerá por esta censura sem minha permissão. (Amic. Discussion, 1, 127,'The Facts About Luther,' O'Hare, TAN Books, 1987, p. 201)

Judeus para o inferno

Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno ('Luther's Works,' Pelikan, Vol. XX, pp. 2230).

Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade...são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte. ('About the Jews and Their Lies,' citado em O'Hare, in 'The Facts About Luther, TAN Books, 1987, p. 290)

Mesmo se os judeus fossem inimigos, Lutero deveria amá-los, e não tratá-los como cachorros loucos, muito menos recomendar tal tratamento. Os cristãos devem reconhecer nos judeus o povo chamado por Deus e portador de sua revelação, e que possuem um papel na história da salvação. De fato, o chamado descobridor da doutrina de Deus encoberta pelos católicos, não parece ser familiar com a doutrina cristã que alegam ter resgatado.

Cristo pecador

Cristo Adúltero. Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó] de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: "Que fez, então, com ela?" Depois, com Madalena, depois, com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar, antes de morrer. (Lutero, Tischredden, Table Talk, Weimar, Vol. II, p. 107, apud Franz Funck Brentano, Martinho Lutero, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, p. 15).

Creio que não se pode comentar tais palavras, assegurando que vieram do nome daquele que cultuam hoje como "a estrela que brilhou no meio à escuridão da idade média". Não há dúvida: Lutero está errado. Cristo se assemelhou em tudo a nós, menos ao pecado. Isto é evidente pela Sagrada Escritura e pela autoridade da Igreja, pois Cristo é Deus. Imagine, leitor, o que aconteceria se você apresentasse este fragmento a um protestante, esperasse este identificar quem o disse, e depois revelar que foi dita por nada menos que Martinho Lutero?

Infelizmente, os protestantes se recusarão a buscar as obras de Lutero e de outros reformadores. Sua metodologia "minha consciência é meu guia" lhe impede de aderir a qualquer semelhança com a doutrina de algum ser humano, ainda mais se este ser humano ensinou o que mostramos acima. Na realidade, os protestantes, que acham que retiram suas doutrinas da Bíblia, na realidade copiam as conclusões de outras pessoas, como Lutero (o que é um mal negócio), Calvino (também), ou o que pode ser ainda pior, de suas próprias conclusões.

Talvez a única conclusão que podemos retirar destas, e de várias outras frases, é a que o apóstolo Paulo nos incentiva: "Examinai-vos a vós mesmos, se estais na fé. Provai-vos a vós mesmos...A menos que a prova vos seja, talvez, desfavorável" (2Cor 13,10).

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A ditadura do relativismo contra a lógica do silogismo.















A moda agora mesmo é dizer que tudo é relativo. Mesmo as ciências exatas, coroadas com a glória da lógica caíram nesse pensamento graças a alguns cientistas romantizados com a idéia iluminista do “eu tenho direito de pensar que...”
A grande maioria das pessoas, entretanto, ainda tem o bom senso do absoluto, do bem comum e do que é ou não correto de forma pura e total. Escrevo esse artigo para fazer frente à certos “pensadores” modernos que insistem em dizer que o bem e o mal são relativos. Sim, são relativos desde que um fato (premissa verdadeira) é transformado em um mito (premissa falsa) gerando toda uma conclusão falsa, que é o relativismo.
Por exemplo. Anos atrás, uma certa emissora de televisão (famosa pela produção em massa de pânicos morais e de premissas falsas) publicou em inúmeros jornais e noticiários que o atual Papa Bento XVI (famoso no seio da Igreja Católica pela luta constante contra os modernismos que abalam a estrutura da Igreja e da sociedade) queria obrigar a todos sacerdotes a celebrar a missa em rito Tridentino, isto é, o rito proposto pelo Papa São Pio V no qual se reza a missa em latim e de costas para o público. A emissora fez a típica obra do demônio, pegar uma premissa verdadeira, colocar uma “mentirinha” no meio e então transformar o fato em um mito.
O fato foi que o Papa Bento XVI apenas aboliu a regra que havia entrado em uso após o Concílio Vaticano II que dizia que qualquer sacerdote que quisesse celebrar a missa em rito Tridentino deveria ter uma autorização expressa de hierarquias superiores (daí esse rito ter sido chamado desde então de forma extraordinária do rito romano). Agora, com o decreto do Papa, qualquer padre pode celebrar a missa em rito Tridentino sem tanto rigor, o que é bem diferente de obrigar a voltar a celebrar a missa em latim, ou seja, a premissa verdadeira transformada em mito leva a uma conclusão falsa.
Essa idéia de manipular a informação é fruto da ditadura do relativismo, a pior das ditaduras já impostas até hoje por ser uma ditadura moral, com conseqüências quase invisíveis, mas desastrosas. Para atingir seus objetivos, os relativistas usam a lógica do silogismo partindo de uma premissa completamente falsa, isto é, modificada pela omissão ou pela mentira.
A lógica do silogismo parte de duas premissas verdadeiras e a partir dessas duas premissas chega a uma conclusão verdadeira. Por exemplo:

• Primeira premissa: Pedro é homem;
• Segunda premissa: Todo homem é inteligente;
• Conclusão correta: Se Pedro é homem e todo homem é inteligente, Pedro é, por conseqüência, inteligente!

Entretanto, qualquer forma de raciocínio lógico, quando usado por um ignorante ou por alguém que age de má fé, se torna perigoso, um homicídio da moral e dos bons costumes em massa. Uma dessas é usada por nossos irmãos protestantes, que omitindo um trecho explicativo de I Tm 2, condenam a doutrina da intercessão dos santos pregada pela Igreja Católica. Eles isolam I Tm 2, 5 e com isso chegam a uma conclusão errada pela própria lógica do silogismo:

Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem (cf. I Tm 2, 5). Partindo desse versículo isolado temos:

• Primeira premissa: Nosso Senhor, Jesus Cristo, Deus e homem é o único mediador entre Deus e os homens;
• Não há outros mediadores;
• Portanto, nem Nossa Senhora, nem os Santos são mediadores.

Como, entretanto, o próprio São Paulo fala, a letra mata (cf. II Cor 3, 6). Ora, é perigoso ler a Bíblia isolando versículos, deslocando trechos de seu contexto e sem alguém que explique a letra para aquele que lê como fez São Filipe ao eunuco da Rainha Candace, da Etiópia (Cf. At 8, 27-40). A explicação de São Filipe rendeu a conversão de um pagão que não entendia as Sagradas Escrituras. Assim, se nossos irmãos tivessem o cuidado de entender o que é a doutrina dos santos, o que é o batismo e o que é a mediação de I Tm 2, 5, a lógica do silogismo derrubaria esse preconceito em seus corações.
Acredito que estamos todos de acordo que a oração de um fiel pelo outro colabora para a conversão e para a o bem do fiel que recebe a oração. Um santo é uma pessoa que morre na alegria de Cristo, e como está morto nessa vida, sua vida está de fato, escondida em Cristo. Assim, após a morte, a alma de um santo está em plena comunhão com Cristo. Livre de qualquer impedimento dos pecados, um santo pode orar a Cristo com um valor infinitamente superior pelos seus irmãos, portanto, a principal diferença entre um santo “morto” e um ser humano vivo é o grau de união com Cristo.
Outro ponto interessante é que estamos mortos para o mundo, pois morremos com Cristo na cruz pelo batismo para esse mundo de forma que esse mundo é apenas uma sombra que passa, afinal, nossa vida já está escondida em Cristo. Se é assim, todos os batizados são parte do corpo místico do qual Cristo é a cabeça, sendo todos nós, parte (que honra), do próprio Cristo. Participamos da divindade de Cristo pelo batismo (Cf. Toda a carta de São Paulo aos Romanos)!
Assim, o silogismo age diferente:

• Primeira premissa: Somos participantes da divindade de Cristo;
• Segunda premissa: A divindade de Cristo é a única mediação que nos salva;
• Conclusão: Somos todos mediadores laterais da salvação, pois somos parte da divindade de Cristo.

É esse o verdadeiro sentido de I Tm 2, 5 explicado pelo próprio apóstolo São Paulo no contexto que vai de I Tm 2, 1 até I Tm 2, 6 (Cf. I Tm 2, 1-6). Como se vê, somos, segundo a carta de São Paulo aos Romanos, todos participantes do Corpo Místico de Cristo através do batismo. Assim, somos todos co-mediadores da salvação.
O segundo fato que torna a primeira premissa protestante falsa é a definição de mediador de I Tm 2,5. Nosso Senhor é o único mediador de salvação. Se omitirmos que somos parte da mediação através do batismo, a primeira premissa é falsa, pois parte de uma omissão. Ainda há que se considerar também, que os santos são mediadores, além de salvação, de oração pelos que vivem. Por isso, vemos que os santos quando são chamados de mediadores, são mediadores que, na maioria das citações, estão orando pelos irmãos na terra. Assim, mais uma vez o silogismo diz:

• Primeira premissa: Nosso Senhor é o único mediador de redenção, por isso ninguém vai ao Pai (aos céus) senão pelo sacrifício de Cristo;
• Segunda premissa: Qualquer um pode orar pelo seu irmão, pois isso não quebra a mediação única de Cristo;
• Conclusão: Um irmão falecido em estado de graça pode orar por todos os irmãos que estão na terra e por isso pode também ser co-mediador da redenção, afinal, ele é parte do Corpo Místico de Cristo.

Negar esse raciocínio é negar que orar pelo próximo faz sentido. Não crer que podemos orar pelo próximo é contrariar as Sagradas Escrituras. Como amenizar isso? É irremediável!
Portanto, não há verdade relativa. A verdade é absoluta e uma interpretação sincera, sem omissões e sem “mentirinhas” vai ser uma interpretação correta, sendo todas as outras falsas.
O que os relativistas querem é pegar um fato, transformá-lo em um mito, colocar sua opinião sobre um mito (que obviamente jamais existiu) e então divulgar uma idéia falsa para defender seus próprios interesses.
Porque hoje a mídia faz tanta distorção dos fatos? É óbvio, se ela distorcer, poderá manipular a informação e formar uma sociedade falsamente culta (inocente dessa falta de cultura, é claro) e assim poderá destruir o que ataca seus interesses.
Basta pensar por uma lógica simples. Um homem que tem duas famílias tem mais despesas que um homem que tem apenas uma. Assim, se ele tem mais despesas, o mercado cresce. Daí o interesse da mídia em propagar a dissolubilidade do matrimônio, pois se as empresas crescerem, mais propagandas vão fazer e com isso, mais a emissora irá lucrar.
Simples, não? Por isso, tomem cuidado com o que vêem nas emissoras de televisão. Temos hoje seitas que visam tomar os fiéis da Igreja Católica, pessoas que querem destruir os valores cristãos por causa do dinheiro e mais uma infinidade de premissas falsas fantasiadas de verdadeiras visando apenas o próprio bem.
Isso é relativismo. O bem e o mau é o que eu quero em um dado momento que estes sejam bons ou ruins. Se eu não quero, então isso é ruim. A grande questão é, seu direito termina quando começa o direito do outro. Ninguém tem o direito de prejudicar o próximo, de disparar mentiras, calúnias, propagandas enganosas ou coisas do gênero, mas sim tem o dever de analisar o fato de forma nua e crua passando, portanto, uma informação de qualidade.
A liberdade de expressão e de ação pode e deve ser usada, desde que e somente que se saiba fazer bom uso disso. Quem usa sua liberdade para coisas ilícitas é libertino e o lugar dessas pessoas é na marginalização até que aprendam a fazer o que é correto. Fazer o que correto é ser uma pessoa de índole impecável, como todos deveriam ser.

In corde Iesu et Mariae semper!

Eduardo Moreira.